Aquele que existe, nem sempre vive.
Tampouco lhe é certo o prognóstico de dias serenos e a coerência entre o que sentes e como és capaz de agir diante da própria loucura.
Existir é axiomático e independe dos elementos próprios do ato de viver, mas, apesar disso, permaneço avesso ao suicídio, pelo barato de fitar, com cinismo, o absurdo da falta de porquês. Perceber a própria existência de outra maneira é negar o vazio que deveras sentes, abafando o frenesi evidente do seu constante desassossego.
E eu continuo aqui pela razão de sempre: sou louco e sou lúcido.
Louco por navegar sem rumo.
Lúcido por saber que não há um rumo.
Não pretendo, como Sísifo, iludir-me em propósitos espúrios de pio desiderio.
Substabeleço aos cegos e ingênuos a lascívia de iludir-se em propósitos frágeis e inatos, aceitos pelas mentes tão ingênuas quanto os corpos puros que habitam.
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Dentre os propósitos que insisti,
todos me guiaram ao abismo,
a exótica imagem de um labirinto,
infinito e austero.