A náusea é um poema
pregado muito fundo
com prego enferrujado:
como vacina de esperança,
lhe apresenta o mundo
mostrando o pior.
A civilização é uma estrofe,
que lhe causa vômito e enjoo,
como um grito de declame,
agudo, nunca findo,
que caduca muito estreita
entre o homem e o devaneio.
E entre estrofes há um universo:
a espera por um conforto que não virá;
as conquistas regredidas;
a esperança transformada em pó;
os segundos perdidos de uma vida;
o suspiro de desesperança;
Então na vida identifico o poeta:
músicos surdos,
pintores daltônicos,
escritores disléxicos,
floristas alérgicos;
E em cada um destes
me apego, me agarro,
tentando entender a náusea da civilização.