Na casa antiga ao fim da rua,
eu crescia e me reprimia
com sonhos que não eram meus
e inseguranças que ainda levo.
No quarto do segundo andar,
desde tão criança eu sofria
de ansiedade e depressão
e escondia doces no armário
pra quando a dor chegasse
não fosse maior fardo
que os quilos que ganhava.
Eu era criança angustiada e maníaca
com compulsão por simetria e comida
e me escondia dos olhares dos adultos
com medo de ser declarado impuro.
Na casa antiga ao fim da rua,
eu era criança maníaca
e a vista da janela
era uma piscina sempre vazia.