a sombra do poeta está sempre a consumir tudo que a toca
e a esgotar a alma de seus conhecidos
fazendo poesia de suas desgraças
a sombra do poeta nutre-se do mal-estar na civilização,
da ansiedade e do medo dos centros urbanos,
do carbono das locomotivas,
do suor nas interações sociais
e da saliva dos mortos suicidas
a miserável sombra do poeta
está sempre a consumir intemperismos
e convertê-los em desgraça maior,
sempre a arruinar tudo que seja mais belo
que a penumbra de sua caneta
e mesmo que toda a dor jorrasse de uma só vez,
escorrendo das veias aos dedos e dos dedos à caneta,
da caneta não passaria
e os versos jamais seriam escritos,
pois já não sou nem a sombra do poeta
que se escondia na penumbra da caneta
quando os versos eram sinceros
Muito belo.
GostarLiked by 1 person
Fico muito grato em saber que alguém enxergue valor no que escrevo. Muito obrigado! (também acompanho seus posts)
GostarGostar
Por sinal, você expõe muito bem em suas escritas. Até mais.
GostarGostar